domingo, 27 de fevereiro de 2011

Fugindo dos nazistas

Fevereiro foi cheio de viagens, novidades e aventuras. Foi assim que, logo após fazer a besteira com o cabelo, viajei para Liberec, para o Mid-Term (segundo e último seminário dos voluntários). Não estava muito animada a viajar não, exceto pelo fato de que iria reencontrar os voluntários novamente. E é sempre bom rever os amigos.
Fiquei um pouco desapontada com o lugar que escolheram para o seminário: um eco-centro. Não é que eu não goste de animais, fazenda e estas coisas, mas é que no inverno não tinha muitas coisas para ver, além de cavalos, porcos, cabras e ovelhas. E eu estava esperando algo mais, já que no primeiro seminário  nós ficamos hospedados num castelo. Mesmo assim, foi bom rever o pessoal. E foi uma experiência muito interessante descer 3 km de uma montanha de puro gelo. É claro que eu caí mais do que andei e que fiquei toda dolorida depois, mas esta foi uma daquelas experiências doloridas que, com certeza, eu faria de novo!

                                                    Antes de descer a montanha e já com o bumbum cheio de neve

Outra coisa que tornou o Mid-Term não tão interessante foi o fato de eu estar muito ansiosa com a volta à Alemanha. Um mês antes eu havia combinado com alguns outros voluntários de irmos a Dresden, Alemanha, já que ficava a poucas horas da cidade do Mid-Term. E para lá fomos.



Eu teria ficado mais assustada ao chegar em Dresden se, duas semanas antes, as meninas que moram comigo não tivessem me avisado que teria uma manifestação dos e contra os nazistas. Mas como não encontrei nada a respeito da net, meio que deixei para lá.
Mas chegando lá na sexta-feira vimos cartazes espalhados por toda a cidade e uma estranha movimentação.



 Mesmo assim, continuamos a fazer turismo pela cidade sem problemas. À noite o pessoal decidiu sair e, como estava muito cansada, resolvi ficar no hostel (maravilhoso, por sinal!). Na manhã seguinte, uma das voluntárias (Stéfanie, da Áustria) me contou que, ao voltarem para casa, foram parados por policiais que disseram que nós tínhamos ido a Dresden no dia errado, que não devíamos ficar saindo por lá, pois era perigoso. E logo depois que ela me contou isto, nada menos que sete helicópteros da polícia apareceram alinhados no céu, além de várias viaturas com a sirene ligada circulando ao redor.




                                              Helicópteros no céu de Dresden                                          

Fui ficando um pouco assustada com aquilo, não sabia que o evento tinha tamanha proporção. E também fui tomada de muita raiva quando soube que a manifestação dos nazistas era permitida pela legislação e a contra o nazismo não era. A desculpa dos alemães a isso é que a Alemanha é uma democracia onde todos têm o direito de se expressar. Quando soube isso quis mandar a Alemanha para a...(ops...vocês sabem, não preciso falar!)
E como a situação estava tensa (polícia por todo lado, manifestantes com faixas, pouquíssimas pessoas além dos manifestantes nas ruas...) resolvemos viajar a uma cidade próxima, Meissen. Mas não poderíamos ir à estação de trem mais próxima, pois ela estava dominada pelos nazistas e, para protegê-los, os policiais nunca nos deixariam passar. Então fomos procurar uma outra estação e, no caminho, encontramos a manifestação anti-nazistas. Adorei!! E aproveitar para gritar muitos "Ehhhhhhhhhhhhh" logo que algum manifestante dizia algo no microfone.



Foi uma manifestação bonita, sem violência e plena de mensagens de paz. Em alguns cartaz pude ler: "Abraços de graça" e "Me beije, não me bata".  E a diversidade de idades, de caras e de estilos era marcante, idosos, crianças, jovens e adultos estavam lá para manifestar sua insatisfação contra o nazismo. E nada menos do que 10 mil pessoas foram lá para lutar pelo que acreditavam, enquanto que apenas mil nazistas tiveram coragem de dar as caras. E eu ainda não entendo como essa manifestação aconteceu e como pode ser permitida por lei (claro que não há nada de errado em querer matar muitas pessoas em todo o mundo, só porque sou estúpido e ignorante o bastante para achar que a minha raça é a certa. Aff!!).


                                        Manifestante contra o nazismo esconde o rosto, mas mostra a mensagem "Me beije, não me machuque".

No fim das contas, deu tudo certo. Bom, mais ou menos. Sofremos para conseguir entrar em alguma estação de trem. Como estávamos em grupo nenhum dos muitos policiais que barravam as entradas nos deixavam passar. Então resolvemos nos dividir em casais e depois de 20 minutos estávamos todos dentro da estação e embarcando para a simpática cidade de Meissen.
E no domingo voltamos para casa. Reencontrar a minha cama foi como um encontro romântico de um desses filmes melosos de amor. Ela nunca me pareceu tão bela, gostosa e aconchegante. Pena que não pude aproveitar muito, porque na segunda passada as aulas na universidade começaram. Mas eu conto sobre isso depois, o post já está enorme!
Beijos a todos vcs! E continuem acompanhando o blog! No próximo post virei com outras questões engraçadas sobre a língua tcheca.

Um comentário:

  1. Muito estranho esse povo. Adorei o post, Tali. Assim a gente conhece os detalhes estranhos dos lugares que vc visita. Um abraço!

    ResponderExcluir