sexta-feira, 22 de julho de 2011

O que aprendi em quase um ano vivendo na República Tcheca...

 Bom...eu aprendi muito mais do que um pouco de tcheco e de eslovaco, muito mais do que lidar e cuidar de deficientes mentais...
Eu aprendi muito sobre minha essência e sobre meu verdadeiro eu.
Aprendi a me virar diante das mais variadas dificuldades, a ser forte quando nada mais podia me sustentar.
Aprendi a ser mais independente, a cuidar de mim mesma com mais carinho, a lidar com minhas dores e doenças.
Aprendi a importância do tempo, do meu descanso e do meu trabalho.
Aprendi mais sobre responsabilidade comigo mesma, para com os outros e para todas as situações da vida.
Aprendi a superar a distância e o isolamento, carregando comigo a todo momento todos os que eu amo e que me fazem crescer.
Aprendi que lutar pelos sonhos sempre traz resultados.
Aprendi também que devemos ter cuidado com o que desejamos, pois nossos mais íntimos desejos podem se tornar realidade, e nem sempre estamos preparados para vivenciá-los e enfrentá-los.
Aprendi a dizer não para o que não me agrada.
Aprendi a dizer sim.
Aprendi que posso e devo me permitir.
Aprendi a importância da simpatia e do sorriso nas relações humanas.
Aprendi que deficientes mentais são, na verdade, aqueles incapazes de amar e de pensar no outro. Os que hoje são chamados de deficientes mentais são pessoas com uma incrível habilidade de amar e de se expressar além dos modos convencionais.
 Aprendi que nada na vida vem de graça e que quando eu quiser algo, devo lutar por essa coisa e pagar o preço.
Aprendi que tudo na vida é feito de escolhas, nem sempre justas, mas necessárias.
Aprendi a importância de me manter em contato com aqueles que amo.
Aprendi a valorizar mais o Brasil e os lugares onde vivo e vivi.
Aprendi a ver além dos estereótipos,
Aprendi a me vestir melhor e a me gostar mais.
Aprendi a procurar por melhores preços e melhores condiçoes e deixar para trás aquela ansiedade incontrolável para ter tudo na hora.
Aprendi que nem sempre o que é óbvio para mim também é óbvio para o outro e vice-versa.
Aprendi dezenas de novas palavras e expressões em inglês.
Aprendi que, embora a educação brasileira seja muito falha, temos um sistema melhor, que não humilha e não expõe os alunos.
Aprendi que, embora existam inúmeras culturas diferentes, em todas o sorriso tem o mesmo significado.
Aprendi que ser loiro de olhos claros não significa beleza.
Aprendi que, em diferentes lugares, os padrões de beleza variam (a tendência é valorizar mais o que há de menos ou o que não há no local).
Aprendi que sou muito conservadora.
Aprendi a dar valor nos profissionais da saúde brasileiros.
Aprendi que a distância e uma cultura mais distantes te tornam mais fria às vezes.
Aprendi que deixar tudo para trás às vezes é muito bom, pois não há nada melhor do que um bom recomeço.
Aprendi a não ter medo das oportunidades.
Aprendi a lavar roupa.
Aprendi a deixar de ser boba e tão inocente diante do mundo.
Aprendi que eu sempre me surpreendo.
Aprendi que sou mais fraca e mais forte do que imaginava.
Aprendi o valor do trabalho.
Aprendi a me curtir.
Aprendi a perder o medo de tentar.
Aprendi que devo tomar mais cuidado com o que eu digo.
Aprendi que os hormônios às vezes me controlam.
Aprendi a me depilar com depilador elétrico.
Aprendi que às vezes preciso de um tempo só comigo mesma.
Aprendi que ir ao banheiro é natural e não é vergonha para ninguém.
Aprendi que, as vezes, as coisas que vemos na televisão parecem ser maiores e mais bonitas do que realmente são.
Aprendi a ser turista.
Aprendi a respeitar e entender mais e melhor as diferenças.
Aprendi a não ter medo da felicidade.
Aprendi a importância de se ter alguém fiel, companheiro e amigo ao lado.
Aprendi a importância de superar o passado e me abrir para um presente e futuro de felicidades.
Aprendi a importância de uma boa companhia.
Aprendi a importância de ter alguém com a mesma cultura para compartilhar pontos de vista. E de ter alguém com uma cultura bem diferente para fazer o mesmo.
Aprendi que idealizar demais as coisas resulta em decepções.
Aprendi que carrego nas costas a imagem que os outros farão do lugar de onde vim.
Aprendi que grandes diferenças culturais não impedem grandes amizades de se formarem.
Aprendi que o comunismo foi horrível para a privacidade.
Aprendi, sobretudo, sobre a relatividade do tempo...

porque embora esse ano tenha passado tão rápido, cresci mil anos em um e sinto que vivi bem mais do que tinha vivido nos últimos anos.

Jamais vou me esquecer desse ano maravilhoso que vivi aqui. Nada na minha vida me marcou e me modificou tanto e tão profundamente...
Saí do Brasil mocinha, estou voltando uma mulher, preparada para os novos desafios que a vida irá me oferecer.
Este ano que vivi aqui foi como um bálsamo curador. Me ofereceu o tempo que eu precicsava para me reestruturar, para matar meus anseios, para relaxar, para aprender muito, para vivenciar meus maiores sonhos, crescer....enfim, evoluir!!

E eu quero agradecer a todos aqueles que me permitiram vivenciar tudo isso no momento certo, nem antes, nem depois.
Obrigada a Deus e a meus amigos espirituais, ao Cedet e a Cáritas Brno, obrigada mãe, Nil e a todos os meus queridos amigos, obrigada Catatau, obrigada minhas vozinhas queridas...

Todos vocês foram presença constante e parte essencial da minha vivência aqui.

Muito obrigada por tudo!!
E me deesculpem pelo post enorme! ;)

                                                Castelo Veveri, que visitei na última quarta-feira. Obs- essa foto não é minha!!

                                                      No castelo Veveri (ao fundo)

domingo, 10 de julho de 2011

voltando à ativa...

Eu sei que parece que abandonei o blog - e abandonei mesmo, de certa forma - mas é que, no final das contas, tava mais interessante apenas vivenciar tudo! Tá bom, a preguiça também tomou conta de mim, admito.
Depois de fazer as viagens com as madames e com meu amor, voltei a trabalhar, às aulas e também às outras viagens. Foi assim que, pouco tempo depois que as madames foram embora, voltei à belíssima e encantadora cidade de Londres, que eu tanto amo. De lá eu e o Nil partimos, em uma excursão, para Windsor, Bath e Stonehenge! Lugares belíssimos e encantadores! Pena foi não poder passar mais tempo por lá!


Fomos também à maravilhosa cidade de Budapeste. Meu Deus, Budapeste é linda demais! E lindos também são os artesanatos locais, os bordados, as roupinhas de nenem....Budapeste tem também bons preços e ótimas empresas de turismo, o que atrai muitos turistas. Bom, fica aí mais uma super sugestão de passeio. Para quem vai com um grupo de amigos ou solteiro(a), Budapeste é uma cidade cheia de jovens e de vida.
E para aqueles que levam consigo a pessoa amada, poucas cidades são mais românticas! Vale a pena conferir de perto!



Bom, depois de Budapeste passei por um momento muito doloroso, que foi a volta do Nil ao Brasil, no início de junho.  E quase que o danado leva a minha chave de casa junto com ele, já não bastasse levar meu coração. Faltando dez minutos para o meu ônibus partir - e depois que ele já tinha entrado para a área de embarque - me lembrei de que minha chave estava na mochila dele e comecei a ligar para ele sem parar. A sorte é que ele atendeu e, com os pouquíssimos centavos que ainda tínhamos de crédito, consegui avisá-lo da chave e ele a levou para mim. Foi por pouco! Se ele fosse embora com minha chave, eu ficaria sem entrar em casa (já que as meninas que moram comigo também estavam viajando) e não poderia me alojar nem no meu trabalho, já que a chave estava junto. Eu teria que ficar na rua mesmo! Ainda bem que deu tudo certo.
Mas a verdade é que, quando o Nil foi embora, perdi a vontade e a motivação de ficar aqui e tudo o que eu queria era voltar também para poder ficar com ele. Mas segurei firme as pontas e duas semanas depois já estava me aventurando novamente, desta vez com minha querida e divertida amiga Érika.
Com a Érika, voltei a Viena, Praga e Budapeste, além de conhecer um lindo castelo numa cidadezinha aqui da República Tcheca. Foi tudo muito bom!


                                                Em Viena


                                                         Em Praga



                                                       Em Budapeste


Bom, a verdade é que, no final das contas, quem virou madame fui eu e a Érika, mesmo que por poucos dias!
E agora estou eu aqui, nesse marasmo....nesse calor que me faz suar mesmo dentro de casa, com as janelas arreganhadas, contando os dias para voltar, com o coração na mão por querer ir e ficar. Vai ser muito difícil deixar minhas "crianças" aqui e voltar ao Brasil. Meu trabalho aqui não é fácil, mas é muito difícil você não se apegar a pessoas tão especiais!
Queria que existisse um potinho onde a gente pudesse guardar todas as sensações, porque aí eu guardaria comigo todo o carinho que recebo dos "clientes", cada abraço, cada sorriso que eles dão. Pena que a caixinha da memória é tão imperfeita e nos faz esquecer muitas coisas com o tempo e que, pelas fotos e vídeos, apenas as imagens e sons ficam registrados.
Agora é bola para frente, pensar no que precisarei fazer no Brasil, em todo trabalho que terei com o estudo e na busca por um emprego que possa me ajudar a conseguir dinheiro para estudar para o Itamaraty.  É muito bom conquistar um sonho, e melhor ainda viver um por um ano. Mas o que às vezes a gente se esquece é que, depois que são conquistados e vividos, a vida continua...E daqui a poucas semanas estarei de volta ao meu amado Brasil, aos braços daqueles que amo, à normalidade de uma vida que eu já não sei mais se sei viver e à uma realidade a qual eu sinto que já não pertenço mais. É...terei que reaprender a viver e a me readaptar ao lugar aonde por muito tempo eu vivi e que, agora, parece uma realidade distante de mim, como a Europa era para mim antes de eu vir para cá.
Tomara que dê tudo certo!

Um abraço a todos!